Apenas o começo.
28/04/2010 03:26
Esse final de semana, uma amígdalite me fez ficar de molho em casa. O que fazer? Assistir MAIS filmes, claro. Modéstia parte, fiz uma seleção bacana. Um mix de filmes que eu nunca havia assistido antes e os meus famosos repetecos que tanto gosto. Felizmente, meu dedo me indicou uma surpresa. Escolhido pelo acaso, lá estava o filme nacional “Apenas o Fim”. E garanto a vocês: Fazia tempo que eu não me identificava tando com um filme. Por quê? É o que pretendo contar nesse novo post.
“Apenas o Fim” supreende, cativa, apaixona. Quem diria que o projeto de um estudante universitário, aluno de cinema da PUC do Rio de apenas 20 anos iria resultar em algo inédito no cenário nacional. “Apenas o fim” é mais que só uma história de amor. O roteiro é lotado de referências à cultura pop que só a gente, provavelmente, vai entender. Há influências de Nick Hornby, Kevin Smith, Cameron Crowe, Jamie S. Rich , Chinna Major, Hopeless Savages, Orkut, Playstation 2, Nintendo, Godard, Bergman e Star Wars (claro, não podia faltar!) entre outras obras que marcaram as décadas de 90/2000 e que retrataram o espírito de seu época. São discussões entre um casal de jovens naquele período da uma universidade (conheço bem isso!), com espaço de sobra para conversas sobre Cavaleiros do Zodíaco, Tartarugas Ninjas, Boybands, filmes favoritos. O que “Apenas o Fim” divide com as obras citadas são mais que as referências. É a vontade de retratar uma geração de brasileiros que foi diretamente influenciada pela cultura pop e discutir suas relações, seus medos, seus gostos e como tudo isso influencia nas relações e no crescimento pessoal de cada um. A trama central envolve os estudantes de cinema Adriana (Érika Mader) e Antônio (Gregório Duviver). A relação amorosa é temperada por paixão, dor e sentimentos ambigüos tudo recheado de um realismo que faz com o que a gente se sinta o próprio protagonista. O filme é basicamente um romance-cult e cool, mas muito inteligente. Então pra cada conversa sempre rola uma referência há alguma coisa que lembre algo da vida dos dois, sempre relacionado a cada papo e a cada momento. A história? É a seguinte: Adriana decide fugir de sua vida comum sem dar explicações sobre seu destino. Mas antes de partir, ela resolve passar a última hora com o namorado Antônio, tendo uma longa conversa enquanto andam pela faculdade. Eles falam de seu relacionamento. Lembram o passado e imaginam o futuro discutindo uma série de medos e questões envolvendo a geração da qual fazem parte. Falam de sexo, de família, sobre hábitos e "coisinhas" do casal. Falam de amor, de saudade, de romantismo e a conexão maravilhosa entre os dois. A impressão que eu tive é que eles estavam vivendo tudo aquilo de verdade. Tudo funciona muito bem. Os dois atores fazem seu trabalho, superam expectativas e não dão espaço para questionamentos. Eles assumem papel maior do que o de protagonistas num filme que redefine a cultura pop no Brasil, representando cada jovem que viveu e sentiu cada momento daqueles.
Além de Érika e Gregório, ainda estão no filme Marcelo Adnet, Julia Gorman, Natália Dill e Álamo Facó. Jovens atores que fizeram o filme pelo prazer. Sabe aquela velha história onde um é amigo do outro que é amigo de um que o outro convidou, que aceitou e deu no que deu? Então. Uma nova geração que tá aí surgindo pra dar um novo gás e um novo direcionamento para o cinema nacional.
O filme foi gravado em 12 dias, todo concebido por universitários, o diretor e roteirista Matheus Souza, que era aluno do quinto período de Cinema da PUC-Rio, enquanto filmava o filme. É uma apresentação da Atitude Produções, empresa comandada pela renomada produtora do cinema brasileiro, Mariza Leão (Meu Nome Não É Johnny). Selecionado para os Festivais: Festival Internacional de Rotterdam (IFFR); Festival Internacional de Miami (Competição Ibero-Americana); Festival Off Câmera, em Krakow, Polônia; Festival de Cinema Brasileiro em Paris, França; Premiere Brazil, no MoMA, Nova Iorque. Premiado como Melhor filme do Júri Popular & Menção Honrosa do Júri Oficial, Festival do Rio 2008 e como Melhor filme do Júri Popular, 32ª Mostra Internacional de São Paulo.
Trata de gente da nossa idade, sem estereótipo, sem aquele humorzinho leve e perjorativo. Uma história que podia ser minha, sua, de qualquer um. Uma história de jovens comuns. Matheus Souza falou por toda uma geração. E que este não seja “Apenas o Fim”, mas sim o começo.
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